Sucessão ameaça pecuaristas no futuro
Luis Kobielski Luis Kobielski

Sucessão ameaça pecuaristas no futuro

Publicado em 10 de maio de 2015

Quatro em cada dez pecuaristas terão de abandonar a atividade na próxima década, caso não demonstrem ganhos de competitividade e nem incluam a sucessão familiar na pauta de seus negócios, segundo Francisco Vila, diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB). A estimativa é de estudo realizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em palestra no Circuito Rural promovido pela Agroconsult e pela SRB, em Dourados (MS), Vila disse que os produtores nacionais precisam focar na aplicação de novas tecnologias e em mudanças na gestão de suas fazendas caso pretendam continuar no mercado. “Com a família do pecuarista crescendo, a mesma terra terá que servir mais pessoas”, avalia o consultor. Segundo Vila, um dos desafios para o produtor de hoje é lidar com a perspectiva de concentração no setor.

O diretor estima que em 2030 a produtividade será tamanha que apenas 5% dos pecuaristas serão suficientes para garantir a produção atual de carne. Além disso, a indústria enfrentará competição mais acirrada de produtos como a carne feita à base de soja. O consultor defende que uma das estratégias para se planejar desde já para lidar com o novo cenário é estabelecer uma gestão compartilhada da fazenda com o sucessor da propriedade rural.

Segundo Vila, isso permite explorar tanto as competências de pecuaristas com experiência quanto as habilidades de jovens que têm maior facilidade para lidar com novas tecnologias. No entanto, nem sempre os produtores rurais dispõem de um sucessor.

Pesquisa

Em pesquisa realizada no Rio Grande do Sul, Vila mostra que 32% dos pecuaristas declararam não ter algum familiar ou um gestor profissional para assumir o comando da fazenda.

“Isso é o que eles dizem, mas posso avaliar que outros 20% acham que terão um sucessor, e não vão ter. E, caso não encontrem um, eles podem integrar os 40% que vão sair da atividade”, diz Vila. Segundo o consultor, os pais precisam entender o que seus filhos pensam e desejam fazer. Desse modo, a sucessão deve ser tema de debate nas famílias rurais, ainda que o tema gere tensão entre seus membros.

“Eu diria que 70% do processo sucessório é psicologia pura. Não adianta chamar o contador e pedir para explicar como a sucessão deve ser feita. Cada caso requer soluções próprias”, afirma.

Fonte: Globo Rural

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