Os 7 erros do planejamento da sucessão familiar
Você já entendeu que é importante a questão do planejamento da sucessão, mas tem dúvidas sobre o que fazer ou como fazer. Essa dúvida além de frequente é bastante compreensível na medida em que existem diversas dimensões em torno das quais o tema pode ser tratado.
Psicólogos tratam o tema sob o ponto de vista dos relacionamentos familiares. Administradores e profissionais de coaching trabalham sob os aspectos da liderança, estratégia empresarial e capacitação de sucessores. Na atividade rural, engenheiros agrônomos costumam abordar o tema sob o enfoque da divisão da propriedade. Tributaristas se ocupam da questão dos custos tributários do processo e civilistas das questões relacionadas ao direito de família e sucessões.
Em meio a tudo isso por vezes fica difícil definir que caminho seguir. Veja algumas dicas sobre o que não fazer, a partir desta relação dos principais erros que arrolamos abaixo:
1. Tentar fazer tudo sozinho
Muitas pessoas na ânsia de preservar a intimidade da família e economizar com profissionais, acabam acreditando que conseguem mediar os interesses de todo mundo, decidir a estratégia e executá-la. Se a questão da sucessão pode ser vista por diferentes profissionais a partir de enfoques diferentes, é sinal de que o tema goza de complexidade que não comporta improvisos.
Costumamos dizer que esse assunto é um jogo de varetas, as vezes se arruma um aspecto tributário à custa da proteção do patrimônio contra regimes de casamento, por exemplo. Ou se arruma as duas coisas, mas à custa da proteção dos sucedidos. Mesmo considerando apenas a área do direito, por exemplo, é preciso visão sistêmica e estratégica para não errar.
2. Contratar alguém que queira fazer tudo sozinho
Consultores e consultorias que se propõe a fazer tudo, geralmente entregam um serviço medíocre em tudo. Agrônomos especialistas em direito societário e tributário, advogados especialistas em psicologia ou psicólogos especialistas em gestão.
Algumas consultorias firmam entre si parcerias para prestarem serviços complementares junto a negócios familiares, o que é o ideal quando existe tal necessidade. Alguns profissionais conseguem ainda ter uma visão sistêmica da coisa e assim mediar e conduzir um processo tranquilo. Desconfie, entretanto, daqueles que propagam ser especialistas em tudo.
3. Confiar na capacidade de entendimento da família
É frequente alguns casais negligenciarem a possibilidade de surgimento de conflitos entre seus filhos por conta da velha crença de que “meus filhos sempre se deram bem”. Pessoas que não se conhecem ou que não se “dão bem” raramente brigam. Um conflito pressupõe um relacionamento pré-existente e normalmente um bom relacionamento. Pense na quantidade de casais que brigam e se separam, mas que até então se amavam.
Inventários são ambientes de grande fragilidade emocional e de descoberta. Muitos irmãos jamais trataram de dinheiro e poder entre si até que no dia em que perdem o pai ou a mãe se tornam sócios do dia para a noite. Agregados, por vezes, acabam agindo com pedras entre cristais complicando ainda mais as coisas. Por isso deve se antecipar as possiblidades de conflitos e regrá-las em máxima medida com a mediação dos pais.
4. Direcionar tudo para a questão tributária
Normalmente o planejamento da sucessão envolve a reestruturação societária e patrimonial dos negócios familiares, gerando reflexos na esfera tributária positivos para a família quando o trabalho é bem realizado.
Não raras vezes algumas famílias acabam esquecendo que real finalidade do trabalho (prevenir conflitos e proteger o patrimônio familiar) para focar exclusivamente na economia dos impostos decorrentes da exploração de suas atividades operacionais. A economia de tributos é importante, mas desde que não comprometa o resto.
5. Atrasar demais o processo:
O planejamento da sucessão é uma atividade relacionada a profissionalização da família e a proteção do patrimônio familiar. Não pressupõe a existência de alguém que está na UTI prestes a morrer. Pelo contrário! O planejamento da sucessão pressupõe pessoas com iniciativa e lucidez para conduzir sua família e os negócios da família para o caminho de perenidade.
As crenças que levam a atrasar o processo são paradigmas que precisam ser superados. Nunca é cedo demais para começar o processo. Pode ser cedo demais para transferir patrimônio, ou cedo demais para passar o bastão. Mas a criação das estruturas e dos pilares que permitirão isso no futuro podem e devem ser iniciados a qualquer tempo.
6. Confiar em “receitas de bolo”
Écomum consultorias no assunto que tratam o tema a partir de contratos pré-concebidos que são deliberadamente transpostos para realidades distintas trocando apenas o nome dos envolvidos. Esse tipo de generalização leva a distorções que podem custar caro. Esse tipo de planejamento deve ser altamente customizado levando em conta os interesses dos envolvidos, a cultura familiar a estrutura jurídica e operacional do negócio, entre outros.
7. Deixar o linguajar jurídico tomar conta da pauta das reuniões: Isto por vezes acaba sendo imposto pelos advogados, mas a vontade da família deve prevalecer e o “jurídiquês” deve ser apenas uma ferramenta para fazer isso valer.