Os 3 pilares na prevenção de conflitos nas empresas familiares
Ricardo Paz Gonçalves Ricardo Paz Gonçalves

Os 3 pilares na prevenção de conflitos nas empresas familiares

Publicado em 7 de junho de 2016

Diz um velho ditado popular que herança é aquilo que os mortos deixam para que os vivos se matem. Brincadeiras à parte as estatísticas do Sebrae-SP mostram que de cada 100 empresas familiares apenas 30 sobrevivem à transição da primeira para a segunda geração. As estatísticas são ainda mais dramáticas nas gerações seguintes e em boa parte por conta dos conflitos familiares que se estabelecem em torno de dinheiro, poder e relacionamentos.

Empresas que sobrevivem a isso, em geral, são aquelas que se preparam para enfrentar os desafios da convivência societária familiar. Com base nisso elencamos abaixo 3 pilares essenciais na prevenção de conflitos familiares.

1. Regras antes do conflito: estabelecer em conjunto as regras para situações conflituosas, antes que as partes estejam entrincheiradas em polos opostos é fundamental para prevenir conflitos. Previsibilidade é fundamental. Imagine um jogo onde as partes não sabem o que irá acontecer para os principais acontecimentos possíveis. A tendência é que acontecendo algum deles cada um pleiteie uma regra que mais lhe favoreça. Por outro lado, se todos construírem a regra antes de saber de que lado estarão, a tendência é que considerem a possibilidade de estarem em qualquer lado, e por isso procurem a tornar o mais justo possível. Por isso na empresa familiar todos devem saber, por exemplo, como se entra e como se sai, como se é remunerado, como se presta contas, como se tomam decisões, etc.

2. Transparência: a transparência que deve reger a gestão das empresas familiares deve ir muito além da mera disponibilização dos documentos contábeis obrigatórios. É importante ter iniciativa e estabelecer canais de comunicação francos e objetivos entre sócios, condôminos e administradores ou gestores. A transparência envolve um processo claro e periódico de prestação de contas, envolvendo e tornando os sócios familiares partícipes os rumos do patrimônio comum, que é a empresa. A criação de conselhos como Conselho de Administração, Conselho Consultivo e Conselho de família são exemplo de práticas salutares e construtivas na manutenção de um ambiente familiar e societário saudável do ponto de vista da transparência.

3. Separação de papéis: a separação de papéis implica na necessidade de profissionalizar a família, ou seja, ainda que não detenham todo o conhecimento necessário para administrar o negócio, todos os familiares sócios aprender a ser sócios dela. Os principais papéis possíveis são o de gestor, funcionário, sócio ou condômino ou familiar. Normalmente os familiares exercem concomitantemente mais de um papel na empresa e essa “troca de chapéus” é importante para que as discussões se realizem no foro adequado com objetividade e funcionalidade, respeitando sempre as regras estabelecidas para o negócio. Assim decisões se evita a excessiva ingerência de questões familiares no dia a dia da empresa e vice-versa, possibilitando que as decisões sejam tomadas pelas razões adequadas e com a devida racionalidade.

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