7 mitos sobre planejamento tributário e sucessório na atividade rural
No ambiente do agronegócio quase todo mundo já ouviu falar da importância e necessidade de se implantar práticas de governança corporativa, planejando a sucessão familiar, protegendo o patrimônio e reduzindo a incidência de tributos. Em geral ninguém discorda ou dúvida da importância disto tudo, mas nem todos tomam uma atitude, em parte porque nutrem preconceitos que os impede de enxergar a realidade.
Veja abaixo alguns destes mitos:
- Pagar impostos como pessoa jurídica é mais caro do que como pessoa física
Esse é um mito a ser desconstruído. Existem 3 regimes tributários diferentes pelos quais uma empresa pode recolher seus tributos, num deles, o lucro presumido, a carga tributária máxima sobre o faturamento bruto do negócio, incluindo a soma de todos os tributos incidentes, é de 2,28%.
No lucro real a apuração é muito semelhante a da pessoa física podendo a tributação chegar a zero caso hajam prejuízos ou investimentos vultuosos no ano, pois eles são deduzidos como se despesas fossem integralmente no ano da aquisição, independentemente de haverem sido pagos.
Há ainda a possibilidade de se realizar exploração mista, onde parte da receita vai para a pessoa física e parte fica na pessoa jurídica situação onde normalmente apenas 20% da receita bruta é tributada a 2,28% e o restante da receita (80%) normalmente não é tributada.
Em resumo a pessoa jurídica normalmente serve para reduzir ou no mínimo manter igual a carga tributária comparativamente a pessoa física.
- Isso é apenas para grandes empresas e propriedades
O grande problema da atividade rural no que se refere a sucessão é que a terra é muito valorizada. Por isso o negócio em si proporcione pouca disponibilidade de dinheiro quando comparado ao capital imobilizado.
Neste contexto os impostos e demais despesas do inventário acabam tornando quase que obrigatório a venda de patrimônio para pagar as despesas de transmissão. Para exemplificar, a depender da região 300 hectares de terra no Rio Grande do Sul podem valer mais de 15 milhões e somente o imposto de transmissão deste patrimônio custaria 900 mil reais.
Por isso a questão da sucessão deve ser uma preocupação para produtores de todos os tamanhos, pois existem soluções e alternativas que contemplam todas as realidades.
- A burocracia é muito grande e eu não saberei gerir
Normalmente as holdings familiares constituídas como instrumento de sucessão patrimonial e governança corporativa emitem uma única nota fiscal de produtor rural ao longo do ano e no resto do tempo permanecem praticamente inativas.
Qualquer escritório de contabilidade do interior está habilitado para gerenciar este tipo de burocracia a um custo justo e adequado para a empresa.
- Os custos são muito altos
Não existe incidência de impostos para constituição de holdings. A Constituição Federal assegura que a transferência de imóveis para pessoa jurídica, em formação de capital, é isenta de imposto de transmissão e não há imposto de renda pois os bens são transmitidos para a empresa sem valorização.
Sequer escritura pública é necessário, basta o contrato social registrado na Junta Comercial. Os custos com honorários profissionais são sempre proporcionais ao ganho que a família tem no processo. Portanto a grande pergunta que deve ser feita é: Qual o custo de não fazer o processo?
- Vou perder o crédito com o banco
A atividade pode continuar sendo exercida na pessoa física e as garantias reais imobiliárias continuarão a ser ofertadas pela empresa que assinará junto o instrumento de constituição da dívida. Muitos bancos tem incentivado e promovido junto a seus clientes produtores rurais a realização do planejamento de sua sucessão, pois sabem que é mais seguro emprestar dinheiro para estas pessoas.
Com o tempo acaba ocorrendo até ganhos no que se refere a capacidade de tomar crédito, pois o CNPJ da pessoa jurídica pode ser usado para tomar dinheiro junto a instituições financeiras.
- Não posso pensar nisso pois há brigas na família
Famílias onde existem conflitos estabelecidos antes mesmo da ocorrência da sucessão deveriam ser aquelas que mais se preocupam com a sucessão. É um mito achar que para planejar a sucessão é preciso que todos se deem bem e queiram trabalhar junto.
Se isso não existe com mais razão ainda se deve pensar em encontrar uma solução personalizada e adequada enquanto os pais são vivos uma vez que os litígios futuros não são uma mera possibilidade, mas quase uma certeza. Existem muitas alternativas para todos os cenários.
- Não posso pensar nisso pois não tenho sucessores
Mesmo quem não tem entre seus filhos pessoas interessadas ou habilitadas a dar continuidade ao negócio é preciso pensar na redução dos tributos, na prevenção dos conflitos pela divisão do patrimônio e destinação do negócio e do patrimônio na geração seguinte.
Mesmo a futura venda do patrimônio familiar, se for essa a intenção dos herdeiros, pode ser objeto de planejamento visando a redução de tributos.